O Diário de Viagem do Sr. A

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"""Por que você?"", repetiu meu novo cliente, abrindo um sorriso cínico, desses que se dá aos outros dentro do elevador. ""Eu também faço minhas investigações, senhor Ângelo, ou deveria chamá-lo de O Anjo?"", continuou ele, dando uma geral com os olh os no bagunçado escritório. ""Você tem fama de fazer o que deve e de ter caráter"", falou. ""Daria um péssimo político, mas é exatamente o que estou precisando."" Fiquei em silêncio. Pensei em completar que me acham meio estranho e cínico, mas ache i que não e nriqueceria em nada o currículo. Meu cliente jogou um pacote pardo sobre o birô. ""É o suficiente para o início dos trabalhos. Tem uma passagem em seu nome num voo noturno a Lisboa"", disse, sinalizando com o dedo para o motorista, que de u ré na cadeir a de rodas e guiou rumo à porta. ""Boa viagem e não volte sem o livro"", disse, desaparecendo pela porta do escritório, propulsionado pelo motorista. Peguei o pacote, guardei o volumoso maço de notas no bolso e olhei a passagem. Tinha q ue correr. Já e ra hora de embarcar. "